por Alexandre Pelegi
Você já deve ter ouvido esta: o Brasil é um país abençoado por Deus, sem catástrofes naturais como ciclones, maremotos, terremotos e nevascas. E aí você constata: mesmo assim somos o país do atraso... E a pergunta sai quase que por inércia: e por que raios não aproveitamos esse cenário positivo para dar uma arrancada em nosso crescimento? Qualquer resposta que eu tenha ouvido até hoje termina sempre com a afirmação de que somos um país de pobres de espírito... Esta mania do brasileiro em se auto-denegrir é antiga, diria até que doentia. Esconde, de um lado, o preconceito justamente em meio a um fenômeno que muitos já identificaram ser nossa maior riqueza: a mistura de raças, etnias e culturas. Por outro lado, revela aquilo que sempre repito, e que o escritor Nelson Rodrigues já apontou faz décadas: o complexo de vira-lata. Somos, assumimos e gostamos de ser um povo inferior. O curioso é que enquanto nos vemos feios e pobres de espírito, mais da metade dos estrangeiros que nos visitam nos enxergam como aquilo que o Brasil tem de mais positivo. Na visão de quem nos conhece, somos “amigáveis, alegres, felizes, simpáticos, amáveis, cordiais”. Esta dicotomia constante – entre como nos vemos, e como os outros nos vêem – demonstra que falta ao país um grande e imenso choque de auto-estima. Mas nada que se faça com campanhas publicitárias, que normalmente resvalam para o ufanismo babaca, e à mais das vezes trazem o timbre oficial de governos. Para o brasileiro se descobrir como um patrimônio incomensurável de seu país é preciso muito mais: educação. Investir em educação significa investir naquilo que o brasileiro tem de melhor, e que só não se realiza, nem se concretiza, por falta do essencial ingrediente cultural. Poucos foram os políticos em nosso país que descobriram a importância do investimento educacional. Poucos foram aqueles que fizeram algo de fato pela melhoria do ensino público. Muitos, na verdade, agiram a maior parte do tempo como representantes de grupos de interesses pesados, que nada tinham a ver com a solução de nossos mais candentes problemas sociais. Ao não fazer nada pela solução, contribuíram para o agravamento do problema e de nossa ignorância secular. Mas eu não espero só de governos. Aliás, de políticos eu quase nada espero, e nem me iludo: as elites preconceituosas continuarão a espalhar o falso conceito de que o brasileiro é um povo menor, ao mesmo tempo em que invadirão Nova York e Miami em busca da enganosa semelhança com um povo loiro e de olhos azuis, rico e consumista. Como canta Chorão, do Charlie Brown, é como se entrássemos no país dos gringos cantando “Você é bonito, e eu sou feio”... Para estes o Brasil continuará sendo um país de conveniência, onde se ganha o dinheiro fácil graças às falcatruas com o poder e à deseducação de seu povo. “Não tão complicado demais, mas nem tão simples assim...”
Você já deve ter ouvido esta: o Brasil é um país abençoado por Deus, sem catástrofes naturais como ciclones, maremotos, terremotos e nevascas. E aí você constata: mesmo assim somos o país do atraso... E a pergunta sai quase que por inércia: e por que raios não aproveitamos esse cenário positivo para dar uma arrancada em nosso crescimento? Qualquer resposta que eu tenha ouvido até hoje termina sempre com a afirmação de que somos um país de pobres de espírito... Esta mania do brasileiro em se auto-denegrir é antiga, diria até que doentia. Esconde, de um lado, o preconceito justamente em meio a um fenômeno que muitos já identificaram ser nossa maior riqueza: a mistura de raças, etnias e culturas. Por outro lado, revela aquilo que sempre repito, e que o escritor Nelson Rodrigues já apontou faz décadas: o complexo de vira-lata. Somos, assumimos e gostamos de ser um povo inferior. O curioso é que enquanto nos vemos feios e pobres de espírito, mais da metade dos estrangeiros que nos visitam nos enxergam como aquilo que o Brasil tem de mais positivo. Na visão de quem nos conhece, somos “amigáveis, alegres, felizes, simpáticos, amáveis, cordiais”. Esta dicotomia constante – entre como nos vemos, e como os outros nos vêem – demonstra que falta ao país um grande e imenso choque de auto-estima. Mas nada que se faça com campanhas publicitárias, que normalmente resvalam para o ufanismo babaca, e à mais das vezes trazem o timbre oficial de governos. Para o brasileiro se descobrir como um patrimônio incomensurável de seu país é preciso muito mais: educação. Investir em educação significa investir naquilo que o brasileiro tem de melhor, e que só não se realiza, nem se concretiza, por falta do essencial ingrediente cultural. Poucos foram os políticos em nosso país que descobriram a importância do investimento educacional. Poucos foram aqueles que fizeram algo de fato pela melhoria do ensino público. Muitos, na verdade, agiram a maior parte do tempo como representantes de grupos de interesses pesados, que nada tinham a ver com a solução de nossos mais candentes problemas sociais. Ao não fazer nada pela solução, contribuíram para o agravamento do problema e de nossa ignorância secular. Mas eu não espero só de governos. Aliás, de políticos eu quase nada espero, e nem me iludo: as elites preconceituosas continuarão a espalhar o falso conceito de que o brasileiro é um povo menor, ao mesmo tempo em que invadirão Nova York e Miami em busca da enganosa semelhança com um povo loiro e de olhos azuis, rico e consumista. Como canta Chorão, do Charlie Brown, é como se entrássemos no país dos gringos cantando “Você é bonito, e eu sou feio”... Para estes o Brasil continuará sendo um país de conveniência, onde se ganha o dinheiro fácil graças às falcatruas com o poder e à deseducação de seu povo. “Não tão complicado demais, mas nem tão simples assim...”
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